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14abr

Sinto muito, mas não sinto nada.
Ela disse e partiu.
Talvez nunca mais a veja, mas seu cheiro continua por aqui.
Jamais esquecerei seu tom de voz carregado de bom e mau humor.
Seu riso solto.
Seu salto falho.
Seu perfume forte.
Sua falta de sorte.

Sinto muito, mas não sinto nada.
Não é do tipo que sente mesmo.
Melhor assim.

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06abr

A editora Darkside Books liberou uma entrevista com Andrew Pyper, autor de “O Demonologista“, e um material promocional maravilhoso para os leitores darks. Eu que já estava ansiosa para o lançamento, fiquei ainda mais.

“A maior astúcia do Diabo é nos convencer de que ele não existe”
Charles Baudelaire

O personagem principal que dá título ao best-seller é David Ullman, um professor de literatura especializado na figura literária do Diabo – principalmente no clássico de John Milton, Paraíso Perdido. Para ele, o Anjo Caído é apenas um ser mitológico. Depois de aceitar um convite para testemunhar um suposto fenômeno sobrenatural em Veneza, David começa a ter motivos pessoais para mudar de opinião.

Basta ler para crer. Confira na íntegra a entrevista exclusiva que o autor deu à Darkside Books:

O personagem principal, David Ullman, é um professor de literatura especializado no clássico de John Milton, Paraíso Perdido. Quão familiar você era com esse texto antes de começar a escrever O Demonologista? Como usou o poema para ajudá-lo a moldar a trama e os acontecimentos em seu romance?
Andrew Pyper. Eu tinha lido Paraíso Perdido como estudante na universidade, mas me lembrava pouco dele. Não, não é verdade: eu me recordava de poucos detalhes, mas carregava comigo os argumentos persuasivos e o dilema lastimável de seu discutível e ambíguo protagonista, Satã. Nos trechos em que ele é o narrador, achei o poema fascinante, quase perigoso em seu encanto. Mas quando o demônio não está presente, recordo-me de sentir que ele era um pouco difícil. Naquela época, eu teria concordado com a opinião do dr. Johnson, de que “ninguém o desejou mais longo”. Vinte anos depois, sou um romancista. (Também sou pai; isso ganha certa relevância em determinado momento.) Por vezes, estava refletindo sobre um caminho para criar um novo tipo de mitologia demoníaca em uma obra de ficção, uma sem padres, exorcismos, água benta escaldante ou as armadilhas costumeiras das histórias de “possessão”. Queria imaginar uma narrativa que fizesse os demônios parecerem bem fundamentados e reais – uma explicação plausível do por quê algumas pessoas, por algum tempo, agem de maneira irracional. Para alcançar isso, a relação entre os personagens humanos e demoníacos na história teria que ser ao mesmo tempo misteriosa e coerente, fantástica e crível. Foi ao desenvolver o que poderia ser utilizado como o fundamento para esse universo que me lembrei de Paraíso Perdido. De novo, não foi tanto o poema ou como eu pensava nele, mas um sentimento com o qual ele me deixou, a vitalidade de seu anti-herói, seu sofrimento, sua fúria velada e terrível solidão. Em resumo, ele foi um personagem que imaginei primeiro. Uma conexão emocional, e não um monstro.

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