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28jul

Notícia urgente: moça é moída por escada rolante. É com essa chamada agressiva, encarniçada e com uma música levemente ensurdecedora que o dia de muitos começa. Bom dia.

Ninguém quer, mas a curiosidade força todos a assistirem. Nada é explícito, as reações são adversas: olhos fechados, mãos na boca, queixos caídos, sons estupefatos. Tortura.

No vídeo, uma jovem mãe sobe a tal escada rolante de um provável shopping com seu filho pequeno, os dois chegam ao andar e, ao pisar no final da plataforma, por infelicidade e falta de segurança, os parafusos estão soltos, um buraco se abre e a moça cai, mas consegue afastar a criança. Duas outras mulheres acompanham o terror de camarote e – ou por choque, ou por falta de força, ou apenas por lentidão – não conseguem levantar a coitada dali e, pronto, a manchete está feita.

“Moça é moída por escada rolante”. O vídeo está gravado. Todos se chocam. Você precisa se chocar, caso contrário, soa um pouco estranho.

Aconteceu do outro lado do mundo, dependendo do ponto de vista, mas poderia ter sido em qualquer outro lugar, com qualquer outra pessoa. Quantas pessoas morrem por minuto? Quantas morrerão daqui a alguns segundos? Moídas? Uma escada rolante, essa é boa.

“Destino ou acaso?” é a pauta do horário de almoço medíocre. “A moça foi moída na escada rolante, isso que é azar. Meu bife tá mal passado, que merda.”; “Mas a criança se salvou, GRAÇAS A DEUS! Escuta, vocês não acham que a Clarinha tá dando pro Edu?”; “E a gente com medo de elevador, ein? É claro que ela dá, por que você acha que ela falta tanto?”.

“Moça é moída por escada rolante”.
Todos se distraem com alguma piada qualquer.
A vida segue.
“É só carne.”

Infelizmente,
Mulher morre após ser ‘engolida’ por escada rolante e salvar criança

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21jul

Aquele Dia Em Que Deus Estava Ocupado Demais

Um nome forte, uma capa forte e uma história forte. Ao receber este livro do próprio autor, Guilherme Oak, confesso que julguei o livro pela capa, julguei bem e julguei certo. Posso dizer que é um dos livros mais pesados que já li e é excelente.

De antemão, não é um livro que pode agradar todos os gostos, ele não é “fácil”, apesar de ser uma ficção, tem uma temática real, bastante polêmica e difícil de lidar.

AQUELE DIA EM QUE DEUS ESTAVA OCUPADO DEMAIS é história de três crianças, um padre, uma tarde de julho e todas as consequências provenientes dessa tarde. É também uma reflexão sobre a suposta onipresença divina e suas inúmeras injustiças através do tempo. (SITE)

Contra-capa

 

Narrado em terceira pessoa, o livro tem 15 capítulos e cada um intercala os pontos de vista entre presente e passado da trama – início da década de 1990 e 2012. Ambientado em São Paulo, para quem mora ou conhece a cidade é um prato cheio de detalhes através de nomes de ruas, bairros, igrejas, etc.

Pedro, Lucas e sua irmã, Natália, são crianças comuns da classe média paulistana. Estudam em colégio particular e são filhos de mães católicas. Desenvolvem certo tipo de amizade incomum à idade e às peculiaridades de cada um. Vivem intensamente as maravilhas inocentes do ano de 1993 e encontram o pesadelo de uma vida no ano de 1994. Acometidos pelo desejo nojento e impuro de alguém que deveria ser puro, são vítimas de abuso sexual dentro da Paróquia Nossa Senhora do Ó. Os anos passam e, em 2012, Pedro e Lucas se reencontram acidentalmente. Lembranças e sentimentos são revolvidos durante o inesperado encontro, fazendo-os enfrentar o passado e repensar o futuro.

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16jul

– Vi a Roberta ontem.

– Ah é? E como é que ela tá?

– Do mesmo jeito de quando tinha 15. Reclamando das mesmas coisas, falando mal das mesmas pessoas…

– O de sempre.

– Pois é, o de sempre.

– Deve ser chato não conseguir lidar com o fracasso da própria vida e ter que sempre falar dos outros. Cansativo.

– Pensei a mesma coisa. Mas o ser humano merda é assim, enquanto não se acerta sozinho, busca erros nos outros.

– A famosa “triste, mas verdade”?

– Vamos levando e lamentando.

– É o que está ao nosso alcance. Garçom, por favor…

– O de sempre, jovens?

– Sim, o de sempre.

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