Não haverá terror mais gostoso & perverso em 2022 do que Noites Brutais. Dirigido Zach Cregger, Barbarian (título original) era um dos filmes mais aguardados do ano e agora está disponível no catálogo da Star+.
Noites Brutais é um filme tortuoso, bruto, abrupto e muito satisfatório. São muitas as medidas, as camadas e os medos que ele nos apresenta. Conforme o tempo de tela passa, a sensação é de que vamos elencando medos, receios, pavores mesmo numa grande escalada que se aglomera numa grande massa.
A direção de Cregger mantém uma intensidade penetrante, enquanto acumula surpresas e redimensiona a tensão em situações absurdas e de diferentes formas nesse processo que vai de 0 a 100 algumas vezes durante a exibição.
Até o momento: meu terror favorito do ano! Um filme que traz muitos tipos de temores num mesmo lugar, há uma escalada de emoções entre camadas cômicas, irônicas e críticas.
Assista ao conteúdo no YouTube: NOITES BRUTAIS (Barbarian) 🏠: TERROR e PERVERSIDADE em camadas
Para mais terror gostoso e desgraçamento mental: Redatora de M
Uma obra digna da zona de desconforto: o clássico perturbador da literatura japonesa Audição, escrito por Ryū Murakami.
Ryū Murakami é um premiado romancista, contista, ensaísta e cineasta japonês. Considerado o mestre do psycho thriller no Japão, suas obras abordam a natureza humana a partir de temas como desilusão, uso de drogas e violência num sombrio Japão pós-guerra.
Audição foi publicado originalmente em 1997 e ganhou o mundo com a adaptação em 99 pelo cineasta Takashi Miike. Agora tem no Brasil! Ganhou edição nacional publicada pela DarkSide Books e conta com tradução de Lica Hashimoto e Juliana Kobayashi.
Começa como um desgraçamento e termina como uma desgraceira
Desde a morte de sua esposa, há sete anos, Aoyama não teve nenhum outro relacionamento. Shiguehiko, seu filho adolescente, fala com o pai sobre isso, diz que ele está ficando velho e que poderia encontrar um novo amor para se casar de novo.
Yoshikawa, um dos seus melhores amigos , é produtor de TV e propõe uma ideia um tanto quanto inadequada: realizar testes para um filme falso (um filme que não existe nem vai existir) e entre as candidatas pra essa audição quem sabe encontrar uma nova esposa para o Ayoama.
A ideia consite em, basicamente, criar um catálogo de mulheres. Uma movimentação para essas inscrições, contendo fichas de cada uma das candidatas com fotos, altura, medidas, redações, características, gostos, hobbies e aptidões; tudo para facilitar as seleções e audições presenciais com entrevistas.
Os diálogos entre os dois amigos a respeito dessas avaliações são repletos de machismo e misoginia, propositalmente inseridos pelo autor Ryu Murakami pois seus personagens são homens com atitudes misóginas e que muito provavelmente não compreendem o peso que isso tem. Vale dizer que Audição é ambientado em Tóquio, na década de 1990 — existe o aspecto cultural do Japão, ainda mais na época retratada.
Entre muitos julgamentos, tópicos de checagem, preferências físicas e morais, uma das candidatas chama muito a atenção de Ayoama desde a ficha de inscrição, era como se houvesse uma fascinação imediata.
Indicações de livros pesados e perturbadores para ler em uma sentada.
Desgraçamentos para ler em um dia, obviamente dependendo da sua disponibilidade, possibilidade e foco. O destaque é indicar livros curtos e extremamente marcantes, daqueles que fixam na memória por um bom tempo.
Entretenimento, paranoias e crises existenciais. Formada em Audiovisual, redatora e uma das autoras do livro Canções do Caos - Vozes Brasileiras. A paixão por cinema, literatura e caos foi fundamental na criação do Redatora de M*%$# que, desde 2009, levanta questionamentos e “desgraçamentos” através de arte e realidade.