“Um novo terror nascido na morte, uma nova superstição entrando na fortaleza inexpugnável da eternidade.”
Escrito em 1954, Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson, é considerado um dos maiores clássicos do horror e da ficção científica. Uma obra com muitos lados e que desperta muitas reflexões sobre vida, morte, existência e sobrevivência.
Uma praga assola o mundo e transforma cada ser vivente em criaturas da noite sedentas por sangue. O ano é 1976, Robert Neville pode ser o último homem na Terra. Ao que parece ele é o último sobrevivente de uma pandemia devastadora que tirou a vida de todos nesse cenário pós-apocalíptico.
Qual a motivação para continuar existindo? Qual a razão para querer viver?
Assista ao conteúdo completo no YouTube: EU SOU A LENDA (Richard Matheson) 🩸: HORROR EXISTENCIAL e o MITO DO VAMPIRO
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Instiga e repele, a personagem-narradora sabe conduzir o leitor entre opostos enquanto faz exposições íntimas, sem filtros, cínicas, divertidas e moralmente duvidosas.
Escrito pela Andrea del Fuego e publicado pela Companhia das Letras, A Pediatra é um livro curto, porém poderoso em sua escrita que fisga o leitor com todas as opiniões socialmente polêmicas, contradições e irreverências de Cecília.
Cecília é uma pediatra canalha que não se apega a nada, não tem paciência com criança, despreza o sofrimento materno, abomina partos humanizados e polemiza a maternidade. Choca e fascina em paralelos.
Com um ritmo devorável, somos levados para dentro da vida de Cecília, acompanhamos as formas com que ela conduz o seu trabalho e as estratégias que cria para se desvencilhar de vínculos em sua profissão e demais relações de afeto.
Assista ao conteúdo no YouTube: A PEDIATRA (Andrea del Fuego) 💊: ESQUIVA DO AFETO, CINISMO e SENSO MORAL
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Uma obra digna da zona de desconforto: o clássico perturbador da literatura japonesa Audição, escrito por Ryū Murakami.
Ryū Murakami é um premiado romancista, contista, ensaísta e cineasta japonês. Considerado o mestre do psycho thriller no Japão, suas obras abordam a natureza humana a partir de temas como desilusão, uso de drogas e violência num sombrio Japão pós-guerra.
Audição foi publicado originalmente em 1997 e ganhou o mundo com a adaptação em 99 pelo cineasta Takashi Miike. Agora tem no Brasil! Ganhou edição nacional publicada pela DarkSide Books e conta com tradução de Lica Hashimoto e Juliana Kobayashi.
Começa como um desgraçamento e termina como uma desgraceira
Desde a morte de sua esposa, há sete anos, Aoyama não teve nenhum outro relacionamento. Shiguehiko, seu filho adolescente, fala com o pai sobre isso, diz que ele está ficando velho e que poderia encontrar um novo amor para se casar de novo.
Yoshikawa, um dos seus melhores amigos , é produtor de TV e propõe uma ideia um tanto quanto inadequada: realizar testes para um filme falso (um filme que não existe nem vai existir) e entre as candidatas pra essa audição quem sabe encontrar uma nova esposa para o Ayoama.
A ideia consite em, basicamente, criar um catálogo de mulheres. Uma movimentação para essas inscrições, contendo fichas de cada uma das candidatas com fotos, altura, medidas, redações, características, gostos, hobbies e aptidões; tudo para facilitar as seleções e audições presenciais com entrevistas.
Os diálogos entre os dois amigos a respeito dessas avaliações são repletos de machismo e misoginia, propositalmente inseridos pelo autor Ryu Murakami pois seus personagens são homens com atitudes misóginas e que muito provavelmente não compreendem o peso que isso tem. Vale dizer que Audição é ambientado em Tóquio, na década de 1990 — existe o aspecto cultural do Japão, ainda mais na época retratada.
Entre muitos julgamentos, tópicos de checagem, preferências físicas e morais, uma das candidatas chama muito a atenção de Ayoama desde a ficha de inscrição, era como se houvesse uma fascinação imediata.
Entretenimento, paranoias e crises existenciais. Formada em Audiovisual, redatora e uma das autoras do livro Canções do Caos - Vozes Brasileiras. A paixão por cinema, literatura e caos foi fundamental na criação do Redatora de M*%$# que, desde 2009, levanta questionamentos e “desgraçamentos” através de arte e realidade.