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18set

Por que você levanta da cama todos os dias?
Por quem você acorda?
O que te move?

Arte por Azul Cantú

Perguntas fáceis de responder, certo? Não necessariamente. Se elas te fizerem pensar muito ou te deixarem pra baixo, no fundo, você provavelmente sabe o que está acontecendo.

Uma vez li num livro a seguinte frase: pessoas vivas não se matam. É verdade, uma pessoa viva com vontade de viver (perdão pela redundância) não cometeria um suicídio. Suicidas são mortos que caminham entre os vivos, pessoas que se cansam dos ciclos viciosos, que não veem mais sentido e optam por aquilo que acreditam ser um fim para toda a dor.

Suicídio não é falta de coragem ou fraqueza. É o fim.

Suicídio é desistência.

Não é bonito de se falar, óbvio que não. Mas muito me assusta quando vejo algum comentário do tipo “poxa vida, Fulano se matou do nada” – ninguém se mata da noite pro dia. Há um histórico, houveram sinais, pode ter certeza.

“Alberto é rico, tem de tudo e vem com esses papos de depressão…”

Problema maior da depressão talvez não seja apenas a doença em si, mas sim todas as conotações erradas que são dadas para ela. Preguiça, charme, carência são alguns dos julgamentos e preconceitos que, na maioria das vezes, são feitos por pessoas que justamente deveriam dizer o contrário.

Depressão não é poesia. Não é algo bonito, não é uma escolha.
Depressão é uma doença e precisa ser levada a sério. Por acaso você escolhe ter câncer?

“Coisa de gente preguiçosa, isso sim” 

Existem evidências que comprovam alterações no cérebro de um deprimido. Isso mesmo, as machinhas lá dos exames ficam diferentes e eu pesquisei antes de escrever. É um desiquilíbrio químico que afeta uns tais neurotransmissores como a serotonina, a dopamina, a noradrenalina e a melatonina, responsáveis pelas sensações de prazer, serenidade, disposição e bem estar. Ou seja, uma merda, as consequências são os sintomas que conhecemos bem: apatia, falta de motivação, ansiedade, pessimismo, culpa, desânimo, dificuldade de concentração, inutilidade, vazio, tristeza, insegurança, desamparo, insônia (muito sono ou pouco sono), entre outros.

Fatores externos – psicológicos ou sociais – podem desencadear a doença que, com o passar do tempo, vai se tornando física. Por exemplo, uma úlcera, um infarto ou uma gastrite resultam de estresse que pode ter origem na depressão.

Há um grande mito que envolve a doença de que tristeza inspira. Sim, pode inspirar. Temos grandes artistas, escritores e músicos que comprovam tal fato, mas não é um assunto para ser romantizado.

Ao contrário da tristeza (ou sofrimento passageiro), a depressão não inspira, ela paralisa.

Tarefas simples tornam-se um dilema que exigem um esforço anormal. A energia vital evapora, você tem vontade de pedir para alguém te ajudar a levantar, a se vestir, a escovar os dentes, a entrar num ônibus… Por pouco, teria ficado na cama.

É difícil explicar quão custoso é mover-se.

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