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07out

“Havia duas pessoas na sala, mas nenhuma delas deu a menor atenção à maneira como eu entrei,
ainda que somente uma delas estivesse morta.”

O Sono Eterno

1. AUTOR

“O Sono Eterno” foi o primeiro livro de Raymond Chandler (1988 – 1959), o mestre da literatura policial noir – publicado em 1939 – tornou-se uma referência para todas as histórias policiais que surgiriam a partir de então, especialmente no que diz respeito ao estilo da escrita e nas atitudes que atualmente são características do gênero.

2. GÊNERO

Numa tradução literal, literatura noir é como os franceses – fãs do gênero – batizaram a famosa literatura “negra” surgida na década de 40 nos EUA. Eram romances policiais que fugiam à tradição de um gênero baseado num modelo alicerçado no tripé “crime – dedução/investigação – descoberta do culpado”.
O romance noir é facilmente reconhecível: o cenário urbano, a rede de crimes, a violência física e nos diálogos, capangas durões, policiais corruptos, “mulheres fatais” e claro, a figura emblemática do detetive particular de caráter irônico e atitudes levemente questionáveis. Muito mais do que um interessante quebra-cabeça criminal, aproximou-se da grande literatura e produziu algumas obras primas da literatura universal em todos os tempos.

Chandler

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11ago

Uma adaptação em HQ da obra-prima de Bioy Casares

HQ A Invenção de Morel

Estava bastante curiosa para conhecer a Série Quadrinhos da L&PM (que tem clássicos, como: Viagem Ao Centro da Terra, Dom Quixote, Odisseia, Um Conto de Natal, entre outros) e recebi em parceria A Invenção de Morel, um romance de Adolfo Bioy Casares adaptado para os quadrinhos por Jean-Pierre Mourey.

Publicado em 1940, A Invenção de Morel é considerado ao mesmo tempo o clássico inaugural e a grande obra-prima da literatura fantástica em língua espanhola. Cultuado por sua premissa admiravelmente original, a história do fugitivo da Justiça refugiado em uma ilha deserta que de repente se vê cercado por um misterioso grupo de veranistas já deu origem a diversas adaptações e recriações artísticas.

Nesta versão em HQ, o quadrinista francês JP. Mourey desmembra esse delicado mecanismo literário para criar um dispositivo narrativo inteiramente novo, em que todos os detalhes.

“Hoje, nesta ilha, aconteceu um milagre…”

Primeira parte A Invenção de Morel

Na história, temos um fugitivo da justiça que foge sozinho para uma ilha deserta (Ilha Villings). Além de algumas construções abandonadas e de um maquinário de complexo funcionamento, não há nenhum sinal de ocupação humana.

Mas é chegado o dia em que o fugitivo e narrador – que não tem nome – descobre que não está sozinho. Um misterioso grupo de veranistas aparece e se espalha pela ilha, o que lhe deixa bastante aflito por causa de seu “anonimato”.

HQ

Ele então não vê outra alternativa a não ser investigar aquelas pessoas. O narrador-fugitivo monitora o cotidiano dos “intrusos” seguindo-os, ouvindo suas conversas e, assim, começa a desconfiar de uma espécie de ritual ao encontrar padrões recorrentes nas ações deles.

Pronto, temos um grande mistério e quadro a quadro as chaves para a resolução são fornecidas, assim como funciona para o narrador.

SPOILER O fugitivo percebe que os padrões, na verdade, são reencenações de determinados momentos vividos por aquelas pessoas semana após semana. Ao se desprender de sua noção do que é possível e impossível ou real e irreal, o personagem é capaz de decifrar o enigma em sua totalidade. Ele se apaixona por Faustine e assim “conhece” Morel, inventor de uma máquina de imagens que reproduz realidades passadas, o grande responsável pelos hologramas da ilha. FIM DO SPOILER

“Discuti com o autor os pormenores da trama, e a li repetidas vezes; não me parece uma
imprecisão ou uma hipérbole qualificá-la como perfeita.” Jorge Luis Borges

Detalhes

Verso

A edição é dividida em duas partes iguais em suas 128 páginas, além de: prefácio escrito por Michel Lafon; notas finais com comentários do editor do manuscrito original; e posfácio sobre algumas chaves de leitura desta adaptação.

Obviamente, a leitura da HQ não substitui a leitura da obra original, mas considero um bom início e despertar de interesse para grandes nomes da literatura.

Sobre o autor

JEAN-PIERRE MOUREY nasceu em 1970, na comunidade francesa Luxeuil-le-Bains. Quadrinista e ilustrador, estudou artes plásticas e história da arte na Universidade de Estrasburgo e se espacializou em histórias em quadrinhos na Escola Superior de Imagem de Angoulême.

Título: A Invenção de Morel
Título original: L’ Invention de Morel
Autor: Bioy Casares
Adaptação para os quadrinhos: Jean Pierre Mourey
Editora: L&PM Editores
Tradução: Alexandre Boide
Número de páginas: 128
Gênero: Literatura moderna internacional; Quadrinhos
*Livro cedido em parceria com L&PM Editores.

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08jul

Em um poema publicado postumamente, Charles Bukowski (1920-1994) escreveu que teria tido êxito na vida “se vocês lerem isso muito tempo depois de eu morrer”. E, olha só, aqui estamos.

THE PEOPLE LOOK LIKE FLOWERS AT LAST

O Velho Safado era um grande escritor e um grande poeta, entre  livros de crônicas, memórias e romances de Charles Bukowski, eu sempre tive uma tendência maior a apreciar seus poemas. As Pessoas Parecem Flores Finalmente é o quinto (e último) volume póstumo do autor composto integralmente por poemas inéditos.

Sem muitas regras, as obras do velho Buk não demonstram demasiadas preocupações estruturais. Estilo livre, escrita imediatista e temas de caráter autobiográfico, como: prostitutas, sexo, alcoolismo, ressacas, corridas de cavalos, pessoas miseráveis e experiências escatológicas – um autor AME ou ODEIE, talvez. Eu amo e, volta e meia, sou surpreendida por ele.

Lombada Bukowski

Essa edição grandinha e gordinha (quase 300 páginas) é dividida em quatro partes introduzidas com alguns versos:

1- o coração ruge como um leão
diante do que nos fizeram

As composições da primeira parte versam sobre incidentes ocorridos antes de Bukowski começar a publicar mais prolificamente, na década de 1960. Destaque para os poemas: “pessoas como flores” (p. 25) e “o minuto” (p. 33 e foto abaixo).

O minuto

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