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07nov

Fechei os olhos e me vi ao seu lado.
Estávamos deitados na sua cama, despretensiosamente, assistindo TV.
Você mexia nos meu cabelos e eu, com a cabeça no seu ombro, alisava o seu peito enquanto contava como tinha sido o meu dia.
Você ouvia e contava o seu também.
E eu ouvia.
Nossos pés juntos. Nossas pernas cruzadas.
Nossas mãos dadas. Nossos dedos entrelaçados.
Éramos um. Somente um nós éramos.
Eu ria das bobagens que você falava e das piadas com nome de outras pessoas que você fazia.
Você ria de como eu ria. Descia levemente o dedo no meu nariz só pra eu ficar com sono e você achar graça.
Adormeci no seu colo, você me cobriu com aquela mesma coberta de sempre e eu despertei.
Você levantou o meu rosto e me olhou nos olhos.
Falou coisas lindas, cantou um trecho de uma música e disse saber sobre certas coisas serem para sempre.
Eu podia enxergar através dos seus olhos castanhos tão bonitos, podia enxergar toda a sua sinceridade. Eu podia te ver por dentro, eu podia me ver através dos seus olhos.
Eu sorri e você sorriu.
Você se aproximou e me deu um longo beijo na testa.

E eu acordei.
Acordei como há tempos não acordava.
Eu fechei os olhos e não te vi mais.
Por trás da dor, eu desejei estar lá mais uma vez.
Fechei os olhos de novo e senti uma lágrima cruzar o meu rosto e cair sobre o travesseiro.
Uma após a outra.
Eu desejei estar lá, mesmo sabendo que esse sonho eu não podia mais sonhar.

Adriana Cecchi

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