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29nov

Cebola

“Você tá chorando?”
A pergunta era retórica, Eliza cortava uma cebola.
E chorou. Largou a cebola, olhou a faca e chorou.
Chorou mais. Chorou como se fatiasse todas as cebolas do mundo.
Aos prantos, sentou-se no chão da cozinha e ajoelhada sabia que não era o ardor de cebola porra nenhuma.
Aquele nó apertado estava em sua garganta há mais tempo do que ela gostaria ou admitia.
Eliza sofria calada.
Os martírios dentro de si. As dúvidas. Os isolamentos. As pressões.
Tudo veio à tona.
Naqueles poucos segundos, pensou em sua vida. O que era dela e o que ainda seria.
Levantou-se com a faca e a cebola na mão enquanto enxugava os olhos na camiseta, suspirou e disse:
“Culpa dessa cebola maldita!”

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27nov

Não sou obrigada

Você não é obrigado a curtir essa foto, a ler essa legenda nem concordar com o que eu digo. Você não é obrigado a sorrir o tempo todo. Não é obrigado a ter diploma nem opinião formada sobre tudo. Você não é obrigado a escolher entre “casar ou comprar uma bicicleta”. Na verdade, você não precisa casar nem ter filhos, ou cachorros, ou gatos… A não ser que você queira. Você não é obrigado a gostar de ler. Não precisa ter carro, não precisa ter conta no banco, não precisa ter o sapato da moda, não precisa ter o cabelo do momento. Você não é obrigado a gostar de ninguém, só respeitar, mas não é obrigado a gostar. Não precisa entender de vinho ou de cerveja, não precisa entender o final de todo filme. Não é obrigado a gostar de relógios de ouro, de bolsas de couro e de restaurante chic. Não precisa gostar de bacon nem de chocolate. Você não é obrigado a pentear os cabelos. Você não é obrigado a gostar de praia, de carnaval, de missa de domingo, de reunião em família, de relacionamentos. Nem de sexo você é obrigado a gostar. Não precisa ser extrovertido. Não precisa meditar. Você não é obrigado a conhecer os clássicos ou aquilo que ninguém conhece. Você não precisa viajar o mundo, se não quiser. Não precisa gostar de comer, não precisa ser ambicioso. Você não é obrigado a adorar academia nem a gostar de estudar. Você não é obrigado a entender de tudo, você não é obrigado a ser feliz, você não é obrigado a nada. E eu também não. Obrigada.

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26nov

“Eu vi o futuro do horror… e seu nome é Clive Barker”.
– Stephen King

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Um dos livros que eu mais estava esperando e que, por muito tempo, eu não sabia nem que existia. A editora Darkside Books trouxe o livro que deu origem ao filme Hellraiser de 1987 – escrito e dirigido pelo próprio autor Clive Barker.

Lembro de assistir e reassitir aos filmes da franquia Hellraiser com todas aquelas figuras diferentes, sanguinolência e sadismo, mas como seria ler tudo isso? Foi quase o mesmo pensamento que tive em Tubarão – por conhecer o filme sem saber da existência do livro.

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Publicado originalmente com o nome The Hellbound Heart, o livro Hellraiser – Renascido do Inferno traz elementos que tanto se assemelham quanto se afastam da sua versão cinematográfica, mantendo uma coerência e experimentando novas situações.

No começo do livro temos o personagem Frank Cotton tentando resolver o enigma da caixa LeMarchand, cuja configuração parece impossível de ser decifrada. (Eu jamais conseguiria, beijos). No caso, quem conseguisse abrir a tal caixinha, poderia ter acesso há uma outra espécie de dimensão, lugar onde habitam os Cenobitas, criaturas que conhecem e praticam todas as formas de prazer.

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Hellraiser

Frank é um cara que já não se satisfaz mais com as fantasias que possui, segue em busca de uma fonte de prazer carnal inesgotável e por isso vai atrás da LeMarchand, conseguindo decifra-la e abri-la.

Para sua desagradável surpresa, Frank descobre que o conceito de prazer dos Cenobitas não é lá muito parecido com o dos humanos. Experiências sensoriais que beiram a loucura, corpos mutilados, rituais de tortura e sadomasoquismo que hão de durar – apenas – pela eternidade. Pobre, Frank!

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Meses depois, o irmão de Frank, Rory, e sua esposa, Julia, vão morar na casa em que Frank fez todo o paranauê e “invocou” os Cenobitas. O casal não está muito bem, principalmente por parte de Julia que há alguns dias tem se lembrado de sua experiência sexual com o irmão de seu marido. Sim, o Frank.

Julia sente coisas estranhas na casa, presença de algo ou alguém em um dos quartos no segundo andar. Essa sensação aumenta ainda mais no episódio em que Rory corta a mão e derrama sangue no assoalho. O sangue é praticamente sugado pelo chão e entendemos que foi o próprio Frank que ali estava em segredo e “fez uso” do sangue.

Destruído pelos Cenobitas anteriormente, Frank vê uma chance de tornar-se “carne” novamente – não poderia ser uma pessoa mais, já que ele é um Renascido do Inferno – consumindo sangue e depravações e para isso ele precisa contar com a ajuda de Julia.

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A escrita de Clive Barker tem muito sangue, muito. Tem erotismo, sadomasoquismo, sexo, palavrão e horror. Mesmo que o filme tenha sido roteirizado e dirigido pelo próprio Clive Barker, existem algumas diferenças entre as obras, a principal delas é que o livro é mais descritivo e rico em detalhes.

Falar sobre a edição é repetir o que todos os fãs da Dark já sabem: tá maravilhosa. Uma capa que imita couro, dura, detalhes trabalhados em relevo e dourado. Ilustrações e marcador de tecido. Só amor.

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A leitura é rápida com 160 páginas e se você é fã de terror (ou dos filmes), a indicação é máxima!

Título: Hellraiser
Título original: Hellraiser (The Hellbound Heart)
Autor: Clive Barker
Editora: Darkside Books
Tradução: Alexandre Callari
Número de páginas: 160
Gênero:Terror
*Livro cedido em parceria com a Editora Darkside Books.

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