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01jun

Será que estamos vivendo ou apenas cumprindo funções dentro de um protocolo social?

O ponto de partida deste questionamento veio com Apples, filme grego de 2020 e o primeiro longa-metragem de Christos Nikou — que já trabalhou como assistente de direção de Yorgos Lanthimos em Dente Canino. Cinema grego tudo para mim ❤.

Apples foi selecionado pro Festival de Veneza, exibido no Festival de Toronto e é uma pérola pouco comentada recheada de vazio existencial e vazio em confronto consigo mesmo. A premissa é bastante impactante: uma pandemia mundial que causa amnésia repentina. Sim, é isso mesmo que você leu.

Áris, interpretado pelo Áris Sérvetális, sai um dia de casa, pega um ônibus, chega no ponto final do trajeto e não se lembra mais de nada. Não lembra de onde é nem para onde vai, como as pessoas dizem no filme: ele esqueceu

https://youtu.be/lX5jrkpkhsA
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Os casos de esquecimento repentino estão aumentando, uma epidemia de amnésia súbita que acomete as pessoas e que até o momento não tem cura — pelo menos nenhum paciente recuperou a memória até então.

Sem documentos, Áris é levado ao hospital para ser amparado, como acontece com muitos na mesma situação, até que familiares procurem por essas pessoas e voltem pra casa. Mas ninguém procurou por Áris, ele não foi identificado. Recebe auxílio dos médicos, entre medicação e alguns testes ali para avaliar o progresso da memória, ou melhor, da falta dela.

Sem nenhum parente próximo, Áris entra num programa do governo chamado Nova Identidade, cujo intuito é reinserir os pacientes na sociedade. Recebem todo o suporte, como moradia, roupas e dinheiro para principais despesas. Além disso, ganham também uma câmera Polaroid e um gravador com lições diárias — tarefas que todos os integrantes do programa precisam cumprir e em seguida fotografar para registrar cada momento. Simbolicamente, todas as fotos são colocadas num álbum e marcar memórias. Aí aproveito para mais perguntas:

Somos aquilo que vivemos ou aquilo que lembramos que vivemos? O que significa, de fato, experienciar uma vivência?

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01nov

Black Mirror

Black Mirror é uma série classificada no gênero de ficção científica, mas não é (só) sobre tecnologia, é sobre humanidade. É sobre o impacto (e bota impacto nisso) da internet e da tecnologia nas nossas vidas, assim como o próprio nome diz: Espelho Negro – Black Mirror – o reflexo negro a partir de qualquer tela de celular, televisão, micro-ondas de nós mesmos.

Com episódios antológicos, Black Mirror é uma série sobre a natureza humana, cultura, sociedade, comportamento, poder da mídia, uso das redes socias e, principalmente, sobre o impacto do avanço da tecnologia em nossas vidas.

A série entraria melhor no gênero de DESGRAÇAMENTO, então, aqui estamos:

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25out

“O fato de que existo prova que o mundo não tem sentido.”

Eu tinha comentado sobre esse livro no vídeo de leituras do ano passado, queria ter feito essa resenha antes, mas Nos Cumes do Desespero estava esgotado na editora e até nos sebos. A Editora Hedra republicou o livro e todo mundo poderá usufruir do ceticismo-niilismo-pessimismo de Emil Cioran!

Caso tenha interesse na leitura, compre o livro através deste link, a Hedra ofereceu um descontinho especial para os leitores do Redatora de Merda. Se quiser desgraçar a cabeça, aproveite!

RESENHA EM VÍDEO E DISCUSSÕES SOBRE NOS CUMES DO DESESPERO

FRASES E CITAÇÕES “NOS CUMES DO DESESPERO”

Por que não podemos permanecer encerrados em nós mesmos? Por que insistimos em correr atrás da expressão e da forma, no intuito de nos esvaziar de conteúdo e sistematizar um processo caótico e rebelde? (p.16)

Não faço a mínima ideia de por que devemos fazer algo neste mundo, de por que devemos ter amigos e aspirações, esperanças e sonhos. Não seria mil vezes mais preferível um recolhimento num canto, longe de tudo, aonde não cheguem os ecos daquilo que constitui o ruído e as complicações deste mundo? (p. 19)

Se continuamos vivos, é graças à escrita, que, por meio da objetivação, ameniza e essa tensão infinita. Criar significa salvar-se provisoriamente das garras da morte. (p. 20)

Tudo o que me acontece parece fazer de mim um balão prestes a estourar. Nesses momentos de uma terrível intensidade, ocorre uma conversão ao Nada. (p. 20)

Morremos por tudo o que existe e por tudo o que não existe. Cada vivência é, nesse caso, um salto ao Nada. (p. 20)

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