Parei de tentar entender
Parei de querer lembrar
Parei de olhar nossas fotos
Parei de ouvir bandas que fomos aos shows juntos
Parei de me preocupar
Parei de pensar
Parei de sonhar
Parei de procurar ilusões
Parei de escrever seu nome
Parei de esperar
Parei de te ver em todos os cantos
Parei de achar que é você quando o carro é igual ao seu
Parei de contar os dias
Parei de olhar as suas fotos em outros lugares
Parei de ler suas cartas
Parei de ouvir a minha música
Parei de ouvir todas as músicas que me lembram você também
Parei de viajar em pensamentos
Parei de dizer
Parei de ter ciúmes
Parei de demonstrar o que sinto
Parei de combinar a sua inicial com a minha
Parei de me envolverParei de lembrar dos bons momentos
Parei de lembrar dos maus também
Parei de chorar
Parei de frequentar lugares que adorávamos
Parei de achar que posso te encontrar a qualquer momento
Parei de repetir as mesmas palavras
Parei de buscar
Parei de me sentir sozinha
Parei de enlouquecer
Parei de me matar aos poucos
Parei de lembrar das coisas que você me dizia
Parei de pensar no pra sempre

E parei de parar. Tentar parar. Porque nada disso iria adiantar…

Adriana Cecchi

Pensei em te ligar. Na verdade, eu quase te liguei.
Eu queria te contar meu dia, que tomei chuva, que passei frio, que perdi a fome e que comprei bobagens na internet.
Pensei em te ligar.
Não era pra ser nada demais, era mais para ouvir a sua voz.
Eu teria a sua atenção, eu sei, mas só pensei.
Pensei em te ligar.
Eu me abriria, revelaria o jogo por ter certeza de que você me entenderia.
E teríamos tantas coisas para falar também, mesmo que não fosse por muito tempo.
Estou aqui, ainda pensando.
Engraçado… Eu só não liguei porque não te conheço.
Parece que sim, mas não. É como se eu soubesse de tudo que te acontece, seus gostos, seus jeitos, seus desejos, mas não. Eu não sei.
Eu não te liguei. Afinal, não havia um número para ligar.
Ainda.

Adriana Cecchi

— Você podia ter dito que ligou só para ouvir a minha voz.
— Mas não foi…
— Eu sei, eu disse po-di-a!
— Hum, e se eu dissesse mesmo?
— O que tem?
— O que você faria?
— Não sei. Não sei, ué.
— Não?
— Na próxima você diz, quem sabe eu te conto.

Adriana Cecchi