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27jun

Sozinha, sentada num daqueles bancos mais altos dos ônibus, de cabelos soltos caídos no rosto e vestida com um enorme casaco preto. A garota realmente ficava muito bem de preto.
Uma aparência serena; serena, mas triste. Como se estivesse triste por dentro e não quisesse revelar a ninguém. Impossível. Com aquele olhar fundo, tão distante e com brilho de água seria um milagre disfarçar qualquer coisa.
Nos fones ela ouvia uma bela voz rouca, daquelas que combinam alguns anos de cigarros, com outros de talento e afinação.
A música era expressivamente melancólica, camuflada pelo som da guitarra rasgada que aparecia de vez em nunca. Nada que abalasse a garota que a ouvia. Pelo contrário, ela gostava. A voz cantava tudo aquilo que ela queria esquecer, tudo aquilo que ela queria apagar da memória, mas, por algum motivo, ela gostava.

Os olhos se perdiam pela paisagem cinza, passavam pelas poucas árvores, acompanhavam as calçadas, analisavam despretensiosamente as pessoas que caminhavam e as outras que corriam para não serem atropeladas. Os mesmos olhos se voltaram algumas vezes para o celular como se estivessem esperando por algo, algo que talvez não existisse mais.
Um breve suspiro e recostou a cabeça na janela. Era difícil ficar naquela posição por muito tempo, a cabeça batia no vidro, culpa do balanço do ônibus, mas mesmo assim ela não se importava. Nem se mexia. Talvez fosse melhor, era um bom preço para ter o vento gelado cortando seu rosto.
Trecho de trânsito, tudo parou.
Os olhos caíram, agora estavam fixos no carro ao lado. Do lado de dentro um senhor de cabelos brancos e óculos de grau limpava incessantemente o painel de seu velho carro. Limpava como se nada mais existisse naquele momento. Limpava como se fosse só ele e seu carro azul escuro. Era o seu painel limpo ou nada.
O ônibus acelerou e ela se deu conta que a voz rouca ainda cantava, ainda estava com ela, só com ela, não havia lhe abandonado em nenhum momento. E, desta vez, a voz cantou como se estivesse falando com ela, prevendo o que aconteceria e contando o que já ocorreu. Claramente se emocionou e, entre lágrimas, julgou não saber o que fazer dali em diante.
O primeiro passo era o mais fácil: dar o sinal, pois o seu ponto era o próximo. E depois?

Adriana Cecchi

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08abr

Pensar: v. intr. 1. Formar ideias; 2. Refletir; 3. Raciocinar; 4. Ser de parecer; 5. Tencionar; 6. Ter no pensamento; v. tr. 7. Imaginar, julgar; 8. Planear; 9. Dar penso a; 10. Tratar convenientemente; 11. Fazer curativo; s. m. 12. Pensamento, opinião, juízo.

O problema é pensar demais. Você sofre disso? Vem cá, me dá um abraço porque eu também!


Eu juro, queria ser uma pessoa (bem) mais relaxada em qualquer situação. Mas, claro, sem precisar de drogas ou yoga pra ficar assim, queria ser relaxada por natureza, pô!
Invejo pessoas suuuper desencanadas com a vida e que não dão a mínima pra nada. Em dez minutos eu consigo pensar num futuro distante, no passado, no ontem, no agora, no que vai acontecer daqui uma hora e o que acontecerá nas próximas sete horas. Oi? Eu consigo pensar? Às vezes! Não só penso, eu também martelo ideias e ideais na minha cabeça e tento encaixar peças que parecem soltas com outras que parecem fixas e assim vai…
É complicado. Pensar demais É complicado!
Poucas coisas me fazem “parar de pensar”, entre elas: ouvir uma boa música, ler um livro ou assistir a um filme, por exemplo. Mas, ainda assim, não estou lá tão atenta nestas atividades, por vezes me pego pensando em algo totalmente diferente e, tipo, o capítulo do livro já acabou.


Pra mim, pensar demais é uma característica de pessoas ansiosas – AH VÁ! -, observadoras, impacientes com o tempo e que não conseguem ficar paradas.
– Sossega, menina! É o que diz meu (in)consciente e quase todo mundo a minha volta.

Daí a gente se isola do mundo de vez em quando, né? Fica desenhando rabiscos desconexos e letras de música na cama, assistindo um canal idiota pra se distrair, se perdendo com a vista da janela…
Se liga que eu já criei mili-listas de tanta coisa que eu penso: lista de ideias de fotografias, lista de assuntos pra textos, lista de receitas pra fazer; lista de metas pra cumprir. Vai, me chama de louca, eu prefiro pensar que isso seja extrema organização -mentira!

E pra dormir então? Ok, ‘todo mundo’ pensa antes de dormir (salvo você desmaie de cansaço/bêbado/drogado), mas você já deitou-se às 22h00 e a última hora que se lembra ter visto no relógio foi 03:11? Pois eu já, e, digo mais, foi de tanto pensar.

Pensar no que, afinal? E eu sei lá, penso tanto que nem sei quando o ‘assunto mental‘ muda. Penso na vida de uma forma geral, minuciosamente, eu diria.

Sei que este post não vai me levar a nenhuma conclusão no final das contas, mas foi de pensar nele ontem à noite que resolvi escrevê-lo. Ok-ok? Aquele papo de que escrever e compartilhar faz bem e tal…

Se você tem problemas com isso, oie, conversa comigo! Manda um comentário bacana aí, conta a vida, os problemas, as soluções… Olha que já tem fumacinha saindo da minha cabeça.

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