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21jun

Pensamentos ruins têm me rondado
Não há nada que eu possa fazer
Ou mesmo queira
Eles me ajudam a segurar este fado

Lamento o meu estado
Sinto o tempo passar
Ponteiros giram como
Um velocímetro descompensado

De olho fechados, bem fechados
Agraciados
Coitados
Pouco ansiados, nada ansiados

Meu calendário é um confuso emaranhado
Não sei que dia é hoje
Melhor assim
Estou tão cansado

Desnorteado
Ainda não me encontrei
E sei que não irei
Não é por malgrado

Prestes a cometer um dito pecado
Caio, afundo feito uma âncora
Pra baixo e sempre
Focado

Até o fim
O que for o fim pra mim

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14jun

Aos que não sabem, é de praxe nos grandes hospitais fazer a identificação dos pacientes internados através de pulseiras coloridas. Não tão coloridas nem tão pouco felizes. A cor delas simboliza o estado de saúde de cada pessoa. As pulseiras verdes, por exemplo, são para os casos de menor gravidade. As amarelas são para os precisam de certa atenção. Já as vermelhas são usadas para emergências.

Mas há outra pulseira menos conhecida por todos… A pulseira preta, a cor destinada aos cadáveres.

Numa noite gélida da semana passada, diga-se de passagem mais escura do que todas as outras, um renomado neurocirurgião estava, finalmente, voltando para casa. Ele havia acabado de sair de uma complicada cirurgia, da qual, infelizmente, o paciente não sobrevivera.

Com uma aparência cansada, o doutor esperava o elevador juntamente com Dona Estela, uma das mais antigas funcionárias do setor, que também iria buscar seu carro no estacionamento no último subsolo do hospital.

Antes de chegar ao terceiro subsolo, o elevador parou no térreo e o neurocirurgião, rapidamente, impediu um jovem rapaz com olheiras marcadas de entrar, dizendo que estava com muita pressa.

Depois que a porta do elevador se fechou, a senhora repreendeu o médico:

– Mas o que foi isso, doutor? Um homem tão bem educado e estudado fechando a porta do elevador na cara do rapaz?

– Esse rapaz… Não pode ser. Esse era o rapaz que eu acabei de operar, minha senhora! – disse ainda incrédulo. – Você não reparou na pulseira preta que ele usava? Ele morreu em minhas mãos!

Dona Estela deu um sorriso sarcástico e ergueu o pulso:

– Ah, uma pulseira preta parecida com esta minha aqui?

Dois dias depois do ocorrido, o pobre médico, perturbado com o episódio, cortou os próprios pulsos com um bisturi.

(Creepypasta recontada por Adriana Cecchi)

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14abr

Sinto muito, mas não sinto nada.
Ela disse e partiu.
Talvez nunca mais a veja, mas seu cheiro continua por aqui.
Jamais esquecerei seu tom de voz carregado de bom e mau humor.
Seu riso solto.
Seu salto falho.
Seu perfume forte.
Sua falta de sorte.

Sinto muito, mas não sinto nada.
Não é do tipo que sente mesmo.
Melhor assim.

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