Categoria: Desgraçamento Mental ||| por Adriana Cecchi
Você não é obrigado a curtir essa foto, a ler essa legenda nem concordar com o que eu digo. Você não é obrigado a sorrir o tempo todo. Não é obrigado a ter diploma nem opinião formada sobre tudo. Você não é obrigado a escolher entre “casar ou comprar uma bicicleta”. Na verdade, você não precisa casar nem ter filhos, ou cachorros, ou gatos… A não ser que você queira. Você não é obrigado a gostar de ler. Não precisa ter carro, não precisa ter conta no banco, não precisa ter o sapato da moda, não precisa ter o cabelo do momento. Você não é obrigado a gostar de ninguém, só respeitar, mas não é obrigado a gostar. Não precisa entender de vinho ou de cerveja, não precisa entender o final de todo filme. Não é obrigado a gostar de relógios de ouro, de bolsas de couro e de restaurante chic. Não precisa gostar de bacon nem de chocolate. Você não é obrigado a pentear os cabelos. Você não é obrigado a gostar de praia, de carnaval, de missa de domingo, de reunião em família, de relacionamentos. Nem de sexo você é obrigado a gostar. Não precisa ser extrovertido. Não precisa meditar. Você não é obrigado a conhecer os clássicos ou aquilo que ninguém conhece. Você não precisa viajar o mundo, se não quiser. Não precisa gostar de comer, não precisa ser ambicioso. Você não é obrigado a adorar academia nem a gostar de estudar. Você não é obrigado a entender de tudo, você não é obrigado a ser feliz, você não é obrigado a nada. E eu também não. Obrigada.
“Eu vi o futuro do horror… e seu nome é Clive Barker”.
– Stephen King
Um dos livros que eu mais estava esperando e que, por muito tempo, eu não sabia nem que existia. A editora Darkside Books trouxe o livro que deu origem ao filme Hellraiser de 1987 – escrito e dirigido pelo próprio autor Clive Barker.
Lembro de assistir e reassitir aos filmes da franquia Hellraiser com todas aquelas figuras diferentes, sanguinolência e sadismo, mas como seria ler tudo isso? Foi quase o mesmo pensamento que tive em Tubarão – por conhecer o filme sem saber da existência do livro.
Publicado originalmente com o nome The Hellbound Heart, o livro Hellraiser – Renascido do Inferno traz elementos que tanto se assemelham quanto se afastam da sua versão cinematográfica, mantendo uma coerência e experimentando novas situações.
No começo do livro temos o personagem Frank Cotton tentando resolver o enigma da caixa LeMarchand, cuja configuração parece impossível de ser decifrada. (Eu jamais conseguiria, beijos). No caso, quem conseguisse abrir a tal caixinha, poderia ter acesso há uma outra espécie de dimensão, lugar onde habitam os Cenobitas, criaturas que conhecem e praticam todas as formas de prazer.
Frank é um cara que já não se satisfaz mais com as fantasias que possui, segue em busca de uma fonte de prazer carnal inesgotável e por isso vai atrás da LeMarchand, conseguindo decifra-la e abri-la.
Para sua desagradável surpresa, Frank descobre que o conceito de prazer dos Cenobitas não é lá muito parecido com o dos humanos. Experiências sensoriais que beiram a loucura, corpos mutilados, rituais de tortura e sadomasoquismo que hão de durar – apenas – pela eternidade. Pobre, Frank!
Meses depois, o irmão de Frank, Rory, e sua esposa, Julia, vão morar na casa em que Frank fez todo o paranauê e “invocou” os Cenobitas. O casal não está muito bem, principalmente por parte de Julia que há alguns dias tem se lembrado de sua experiência sexual com o irmão de seu marido. Sim, o Frank.
Julia sente coisas estranhas na casa, presença de algo ou alguém em um dos quartos no segundo andar. Essa sensação aumenta ainda mais no episódio em que Rory corta a mão e derrama sangue no assoalho. O sangue é praticamente sugado pelo chão e entendemos que foi o próprio Frank que ali estava em segredo e “fez uso” do sangue.
Destruído pelos Cenobitas anteriormente, Frank vê uma chance de tornar-se “carne” novamente – não poderia ser uma pessoa mais, já que ele é um Renascido do Inferno – consumindo sangue e depravações e para isso ele precisa contar com a ajuda de Julia.
A escrita de Clive Barker tem muito sangue, muito. Tem erotismo, sadomasoquismo, sexo, palavrão e horror. Mesmo que o filme tenha sido roteirizado e dirigido pelo próprio Clive Barker, existem algumas diferenças entre as obras, a principal delas é que o livro é mais descritivo e rico em detalhes.
Falar sobre a edição é repetir o que todos os fãs da Dark já sabem: tá maravilhosa. Uma capa que imita couro, dura, detalhes trabalhados em relevo e dourado. Ilustrações e marcador de tecido. Só amor.
A leitura é rápida com 160 páginas e se você é fã de terror (ou dos filmes), a indicação é máxima!
Título: Hellraiser
Título original: Hellraiser (The Hellbound Heart)
Autor: Clive Barker
Editora: Darkside Books
Tradução: Alexandre Callari
Número de páginas: 160
Gênero:Terror
*Livro cedido em parceria com a Editora Darkside Books.
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Às vezes,
tudo o que a gente quer
é alguém pra
rir por nada,
chorar por pouco
e
abraçar por tudo.
Adriana Cecchi