Uma adaptação em HQ da obra-prima de Bioy Casares
Estava bastante curiosa para conhecer a Série Quadrinhos da L&PM (que tem clássicos, como: Viagem Ao Centro da Terra, Dom Quixote, Odisseia, Um Conto de Natal, entre outros) e recebi em parceria A Invenção de Morel, um romance de Adolfo Bioy Casares adaptado para os quadrinhos por Jean-Pierre Mourey.
Publicado em 1940, A Invenção de Morel é considerado ao mesmo tempo o clássico inaugural e a grande obra-prima da literatura fantástica em língua espanhola. Cultuado por sua premissa admiravelmente original, a história do fugitivo da Justiça refugiado em uma ilha deserta que de repente se vê cercado por um misterioso grupo de veranistas já deu origem a diversas adaptações e recriações artísticas.
Nesta versão em HQ, o quadrinista francês JP. Mourey desmembra esse delicado mecanismo literário para criar um dispositivo narrativo inteiramente novo, em que todos os detalhes.
“Hoje, nesta ilha, aconteceu um milagre…”
Na história, temos um fugitivo da justiça que foge sozinho para uma ilha deserta (Ilha Villings). Além de algumas construções abandonadas e de um maquinário de complexo funcionamento, não há nenhum sinal de ocupação humana.
Mas é chegado o dia em que o fugitivo e narrador – que não tem nome – descobre que não está sozinho. Um misterioso grupo de veranistas aparece e se espalha pela ilha, o que lhe deixa bastante aflito por causa de seu “anonimato”.
Ele então não vê outra alternativa a não ser investigar aquelas pessoas. O narrador-fugitivo monitora o cotidiano dos “intrusos” seguindo-os, ouvindo suas conversas e, assim, começa a desconfiar de uma espécie de ritual ao encontrar padrões recorrentes nas ações deles.
Pronto, temos um grande mistério e quadro a quadro as chaves para a resolução são fornecidas, assim como funciona para o narrador.
SPOILER O fugitivo percebe que os padrões, na verdade, são reencenações de determinados momentos vividos por aquelas pessoas semana após semana. Ao se desprender de sua noção do que é possível e impossível ou real e irreal, o personagem é capaz de decifrar o enigma em sua totalidade. Ele se apaixona por Faustine e assim “conhece” Morel, inventor de uma máquina de imagens que reproduz realidades passadas, o grande responsável pelos hologramas da ilha. FIM DO SPOILER
“Discuti com o autor os pormenores da trama, e a li repetidas vezes; não me parece uma
imprecisão ou uma hipérbole qualificá-la como perfeita.” Jorge Luis Borges
A edição é dividida em duas partes iguais em suas 128 páginas, além de: prefácio escrito por Michel Lafon; notas finais com comentários do editor do manuscrito original; e posfácio sobre algumas chaves de leitura desta adaptação.
Obviamente, a leitura da HQ não substitui a leitura da obra original, mas considero um bom início e despertar de interesse para grandes nomes da literatura.
Sobre o autor
JEAN-PIERRE MOUREY nasceu em 1970, na comunidade francesa Luxeuil-le-Bains. Quadrinista e ilustrador, estudou artes plásticas e história da arte na Universidade de Estrasburgo e se espacializou em histórias em quadrinhos na Escola Superior de Imagem de Angoulême.
Título: A Invenção de Morel
Título original: L’ Invention de Morel
Autor: Bioy Casares
Adaptação para os quadrinhos: Jean Pierre Mourey
Editora: L&PM Editores
Tradução: Alexandre Boide
Número de páginas: 128
Gênero: Literatura moderna internacional; Quadrinhos
*Livro cedido em parceria com L&PM Editores.
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