Sobre | Projetos | Contato




13nov

– Por que você tem um colchão tão grande se sua cama está sempre tão vazia?

A pergunta caiu num baque em sua cabeça.
Ela parou para pensar em tudo que fazia.
Seria a cama uma metáfora de sua vida?
Sempre tão vazia e tão gelada.
Viu que não se importava.
Preferia assim.
Em meio a um furacão de memórias, lembrou-se dos dias em pranto.
Das épocas sem paz.
Das noites mal dormidas, das madrugadas em claro.
Dos apertos no peito e das fisgadas que pareciam fazer seu coração parar de bater.
Da imensa saudade.
Horas eternas, minutos soluçando.
Dia após dia.
Pensou nas milhares de vezes que acordou com os olhos inchados e nas tantas que desejou nunca mais poder levantar da cama.
Cada passo que deu, cada lágrima que enxugou, cada sorriso que desperdiçou, cada abraço que negou.
E o que um dia pareceu ser uma batalha interminável, terminou.
Viveu, aprendeu, passou .

Depois de longos minutos com a cabeça longe, olhou fixamente para aqueles belos olhos que a acompanhavam, e respondeu:

– É que eu me mexo muito durante a noite, sabe, prefiro dormir sozinha.

Ele engoliu seco e afastou as cobertas. Levantou, recolheu suas roupas que estavam no chão, saiu e fechou a porta, mas sem bater.
E nunca mais voltou.

Adriana Cecchi

Compartilhe:
11jul

Acordei achando que era verdade
Alucinei
Tudo aquilo que vivera no meu sonho
Eu havia transformado em realidade

Fantasiada fantasia
Fantasia fantasiada
Tanto faz

A minha própria dimensão
Não a terceira nem a quarta, a minha
Era o que eu fazia

Esqueci meus óculos durante o sono
A vista embaçou
Mas o irreal ainda parecia normal

Levantei num pulo
Caí da cama
Bati a cabeça
Molhei o colchão

Adriana Cecchi

Compartilhe: