“Às vezes, tudo o que você precisa é permissão para sentir.”
O que significa a solidão? Como vivemos sem estar envolvidos intimamente com outro ser humano? Como nos conectamos a outras pessoas? A tecnologia nos aproxima ou nos aprisiona atrás de telas?
Quando se mudou para Nova York, aos trinta e tantos anos, Olivia Laing se tornou uma habitante da solidão. Cada vez mais fascinada com essa experiência das mais vergonhosas, ela começou a explorar a cidade solitária por meio da arte. Movendo-se com fluidez entre obras e vidas – de Nightwalks de Edward Hopper às Time Capsules de Andy Warhol, da acumulação de Henry Darger ao ativismo de Aids de David Wojnarowicz –, Laing conduz uma investigação admirável, deslumbrante, sobre o que significa estar sozinho, iluminando não apenas as causas da solidão, mas também como se pode resistir a ela ou se reconciliar com ela.
Humano, provocativo e profundamente comovente, A cidade solitária, uma inteligente mistura entre pesquisa bem fundamentada e depoimento pessoal da autora, reflete sobre os espaços entre pessoas e coisas que as unem, sobre sexualidade, mortalidade e as possibilidades mágicas da arte. É uma celebração a um estado estranho e encantador, isolado do continente maior da experiência humana, mas intrínseco ao próprio ato de estar vivo.
TRECHOS E FRASES DE A CIDADE SOLITÁRIA
“Você pode ser solitário em qualquer lugar, mas há um sabor particular na solidão quando se mora numa cidade grande, cercada por milhões de pessoas. Pode-se pensar que esse estado seria antitético em relação à vida urbana, à presença em massa de outros seres humanos, mas a mera proximidade física não é suficiente para dissipar uma sensação de isolamento interno. É possível – e fácil – sentir-se desolado e abandonado ao lado de outras pessoas.” (p.11)
“Assim como a depressão, como a melancolia ou a inquietude, a solidão está sujeita também a uma patologização a ser considerada uma doença.” (p.12)
“O dicionário, esse árbitro frio, define a palavra solitário como um sentimento negativo invocado pelo isolamento, sendo o componente emocional o que diferencia de sozinho ou só.” (p.28)
“Mas a solidão não tem necessariamente correlação com uma falta de companhia externa ou objetiva, o que psicólogos chamam de isolamento social ou privação social. De modo algum todas as pessoas que vivem suas vidas na ausência de companhia são solitárias, enquanto é possível experimentar uma solidão aguda estando num relacionamento ou num grupo de amigos.” (p.29)