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20maio

Coluna de autores convidados, texto por Pedro Catarino

Como é de costume e corriqueiro, meu fone de ouvido parou de funcionar. Ela me olhou e disse: “Vamos comprar um fone bem legal para você!”. Eu concordei. O tempo passou e, ainda que sobre as insistências dela, procrastinei.
Com pressa, numa tarde de sábado, entrei numa loja qualquer e pedi o primeiro fone que vi pela frente. Alguns trocados e “problema resolvido”. “Esse fone não vai prestar…” ela disse. Assim que o liguei percebi que o lado esquerdo pipocava e o direito não tinha um som limpo.
“Pedro, eu pago, vamos comprar um BOM fone” ela me disse. Como de costume, despreocupado, respondi “Imagina, esse aqui ainda tá funcionando”.
“Meu amor, precisamos conversar” ela me disse. Como de costume, eu respondi “A gente se ama, vai ficar tudo bem!”. O tempo passou e os problemas ficaram, “Não tá tudo bem, senta aqui, vamos resolver…” ela pediu. “Preta, eu te amo. Vai tudo passar, é só a gente ficar junto…”.
O tempo passou, meu fone quebrou, e eu não ouço música já tem um bom tempo. O tempo passou, ela foi embora, e eu não ouço meu coração já tem um bom tempo. Deveria ter aceitado o fone, deveria ter aceitado a conversa. Deveria.

Pedro Catarino

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