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09nov

Coluna de autores convidados, texto por Marcela Oka

E aí você se pega com aquele sentimento… Saudade. E uma saudade inesperada, porque você nem tem tanta certeza do que você tem saudade.
Porque até então você tinha um padrão estabelecido que te deixava metodicamente confortável. Um padrão onde o que tinha acabado, ficava pra trás. Sem mágoas ou raiva, porque a data de validade desses sentimentos já tinha expirado. Então simplesmente ficava pra trás, guardado numa caixa dentro do depósito, como aquelas coisas que a gente não tem onde colocar quando muda pra casa nova, sabe?
A caixa estava no depósito, e eu estava de mudança, então fui até lá pra carregar as caixas pro carro. Deixo uma delas cair e então escapa uma lembrança, daquelas que não poderia ter escapado. Eu abaixo, tento colocar de volta na caixa, mas tarde demais: ela já tava impregnada em mim. Como eu me deixei fugir do meu próprio padrão? Você, você me fez fugir. Você apareceu outro dia querendo me entregar uma outra lembrança que também impregnou em você, mas você não podia lidar com ela, então você veio e devolveu pra mim. Eu guardei na caixa, porque afinal o que acaba fica pra trás…
Mas fato é que eu não me mudei. Fato é que eu levei a caixa pra cima e abri. Fato é que você me deixou com o que você não soube lidar e continua sem querer saber. ‘Melhor deixar lá, no depósito’, você diz. Eu já tomei banho no chuveiro, no mar, na cachoeira, na cândida, mas não sai. Não volta mais pra caixa.
Que você conseguiu arrancar de você e enfiar de volta na caixa, só pra não precisar lembrar; que você consegue não falar sobre isso e fingir que ‘estamos indo bem’, eu aceitei. Só queria a receita pra conseguir também. Você foi e acabou esquecendo de me passar.

Marcela Oka

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24abr

A música traz de volta o gosto da tristeza

Daquele momento que se viveu

Do que deixou de ser vivido

No âmbito da dor

Retorna e vai, revira e volta

Não mais

Apenas lembranças

De um tempo que se foi

Junto com a música que o trouxe

Longe

Sem delonga

Sem saudade

Adriana Cecchi

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13set

Era um tempo
Àquelas rosas azuis
Céu cor de rosa
O cheiro do vento
Suas cartas cantadas
E seus sorrisos falados
Os minutos fizeram-se eternos
Ah, tudo tem seu tempo
Agora você me pede pra ficar
Seus olhos me pedem para esperar
Aonde tudo isso vai dar?
Eu já decidi, vou esperar
De um jeito ou de outro
Porque eu sei que é assim
Tanto pra você quanto pra mim
Mas eu também peço
Que não se demore muito
Afinal, a gente não sabe ao certo
Quanto tempo ainda tem

Adriana Cecchi

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