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29ago

Já era tarde, o sono não chegava, mas era preciso dormir. Tentar, ao menos.
Apaguei a luz, desliguei o notebook, uma última olhada no celular e, pronto, deitei.
Algumas coisas sempre incomodam, então lá vou eu ajeitar as cobertas e trocar a posição dos travesseiros até encontrar a perfeição. Parece que a perfeição não quer se encontrada, até as meias estão esquentando demais, tiro-as e penso: agora sim.
Uma mão por baixo do travesseiro dobrado e o corpo automaticamente vai se recolhendo, as pernas dobram, os joelhos sobem e o outro braço fica perdido naquele meio.
Os olhos fechados por poucos minutos, a pulsação marcada no ouvido, um vazio.
Viro para a esquerda, de cara com a parede, meu lado favorito. Puxo a coberta até a nuca e tento relaxar. Um vazio cravado no peito, mais uma vez. O coração acelerado, bate bate bate forte e não me deixa dormir.
Procuro pelo pato de pelúcia que não é de pelúcia, é feito de poliamida e elastano, mas que fica mais fácil de ser compreendido como pelúcia; enfim, procuro pelo pato e o encontro na metade da cama. Rapidamente trago pra perto aquele bichinho e o coloco perto do peito. Uma vez envolvido com o braço que me sobra, o pato é apertado contra o meu coração como se assim ele pudesse diminuir o ritmo absurdo do mesmo.
A agonia agora é de lembrar às antigas agonias. Quando, na verdade, o tudo não era nada, eu nem podia imaginar o que seria o tudo, ainda.
Cada palavra, cada descoberta, cada medo, cada verdade, cada pensamento, cada saudade… cada um resultava em apenas uma coisa: agonia. Lembrava de cada dia, cada hora uma coisa e, nossa!, mesmo sem ainda saber, a agonia de ontem era por causa do dia, o dia que marcava uma data específica sobre todo esse tempo de agonia.
O tempo passa rápido, sem perceber, e, analisando friamente, não era muito, mas pra quem sente, um dia pode virar uma eternidade.
Dormia, sonhava e acordava. Dormia, sonhava e acordava. Dormia sonhava e acordava.
Sonhos bons e sonhos ruins, ambos se tornavam piores ao despertar. A agonia sempre presente, o coração acelerado por tudo ou nada e o tal pato já nem era mais notado.
Uma noite de vai e vem, uma noite assim, uma manhã assim e, certamente, um dia inteiro assim.
Dizem que o sofrimento é opcional, ok, mas se alguém souber a receita pra se livrar dessa maldita agonia me diz, me liga, me manda. Uma boa eu já conheço, mas essa, bom, essa eu não posso usar.

Adriana Cecchi

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25ago

Perco-me em teus passos
Ah, os teus abraços
Eu me perco como nunca me perdi antes
A intensidade fala por mim
Ela está ali, ela me cala
Intensa
Intensa paixão cravada no meu coração
Onde estão os teus passsos agora
Estão longe dos meus
Eu vou saltar até encontrá-los
Até onde eu puder
Sem hesitar
Sem deixá-los seguir para muito longe

Adriana Cecchi

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15ago

O tempo passa; passa e tudo volta pro lugar. Mentira, volta nada! Quem disse que voltava? A gente troca as pessoas e as coisas de posição, muda as preferências, mas, no geral, nada volta de onde saiu.
O que é pra ser, fica e, não podemos adivinhar quando, será. Será um dia, quem sabe, dê tempo ao tempo. E quem tem paciência pra isso?
Nunca achei que esperar desse certo, ou você tenta tudo ou você pega e vai embora. Arrisca ou desiste. Não, não dá pra ser tão literal, 8 ou 80 aqui não funciona, pelo contrário, machuca mais.
Então deixa como está: você aí, eu aqui, nós lá. Viver uma coisa que nunca se teve porque, aparentemente, já teve tudo. Claro que não, a gente nunca tem tudo, a gente nunca vive tudo que dá pra viver e eu acho que é isso que dá vontade de continuar. Se tivesse vivido tudo, na boa, eu não estaria aqui discutindo isto com o teclado nem com a minha cabeça. Estaria longe, e você também estaria longe.
Chaplin disse que o tempo é o melhor autor, tá certo. Pensar assim é reconfortante, como se tudo estivesse so far away e que o final do filme fosse feliz, independente do que acontecer, mas a gente sabe, não há como não saber, poxa. Tá claro-claríssimo pra quem quiser ver.
Mostra tudo que tiver pra me mostrar, mesmo distante. Eu não me importo. Não quero me importar com os fatos, e sim com o olhar que revela, com o coração que pula, com a voz que liga… A verdade embutida na história, por trás de tudo, ela tá ali e sabemos onde o roteiro vai terminar, tempo ao tempo.
A hora não é agora, ela tá errada, mas vai voltar ao normal. Então me vê duas colheres de chá de tempo, por favor.

 

Por um motivo ou outro, escrevi tudo aqui ouvindo um dos seus cds favotiros. É bom, muito bom, mas é triste, principalmente, pelo fato de cada faixa fazer muito sentido.

Adriana Cecchi

(Fonte Imagem)

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