Perverso, eufórico, criativo e brutal. Sound of Violence, dirigido por Alex Noyer, deve ganhar o título em português de O Som da Violência pela literalidade do que o filme se propõe desde o início.
O Som da Violência me pegou com tudo por um motivo: sinestesia — basicamente, uma condição neurológica onde a pessoa tem um cruzamento de sensações, as combinações podem ser diversas entre olfato, paladar, visão, audição. Por exemplo: sentir o cheiro de uma música ou o gosto de uma palavra. Sendo sinestésica sempre me interessei pelo assunto e fico fascinada com representações dela na arte.
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SOUND OF VIOLENCE e CENSOR: 2 filmes com ÊXTASES CATÁRTICOS
A história segue Alexis (Jasmin Savoy Brown) ainda criança aos dez anos de idade com deficiência auditiva testemunhando e vivenciando um evento absurdamente brutal. Esse momento despertou essa condição sinestésica nela e fez com que tivesse vontade de desbravar e entender isso através de tons, de batidas, agora adulta, Alexis estuda e trabalha com música e design de som.
Mora com Marie (Lili Simmons), amiga que apoia e acompanha Alexis em suas ideias doidinhas, mas sem saber quais as intenções e motivações por trás delas.
Que seria encontrar cura através de sons de violência, por isso o título literal, menos de 10 minutos e fica nítido na tela o que se sente — e é um grande paradoxo como isso é explorado graficamente no filme, as cenas de violência contrapondo à sensação de prazer.
Por um motivo específico, Alexis intensifica a busca por sua obra-prima por meio de experiências de sons horríveis. Neste ponto de intensificação, temos uma questão que também ocorre em Censor (2021): ambos são filmes curtos e bastante determinados num ponto de virada para suas personagens. Não há tempo para um grande aprofundamento e acredito que isso possa incomodar algumas pessoas, o negócio é aceitar e curtir o embalo. O famigerado “aceita ou surta“, neste caso, literalmente.