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29set

“a Náusea sou eu”

O acaso, o absurdo e o vazio. A Náusea é o primeiro romance de Jean-Paul Sartre, considerado pela crítica e pelo próprio autor o mais perfeito de sua sempre inquieta e inovadora carreira. 

Publicado pela primeira vez em 1938, A Náusea foi um marco na ficção existencialista e é até hoje um dos textos mais famosos da literatura francesa do século XX.

A Náusea foi a primeira leitura conjunta do Clube dos Caóticos! Para apoiadores do Catarse temos conteúdos exclusivos: grupo de discussão no Telegram; + chat diário; + encontros marcados via chat; + conteúdo semanal extra com meus registros/análises da obra em formato de áudio ou texto. Contribua com o caos!


Assista ao conteúdo no YouTube: A NÁUSEA (Jean-Paul Sartre): ANGÚSTIA e GRATUIDADE EXISTENCIAL


TRECHOS E FRASES DE A NÁUSEA

“Na parede há um buraco branco, o espelho. É uma armadilha. Sei que vou cair nela. Aí está. A coisa cinzenta acaba de aparecer no espelho. Aproximo-me e olho para ela: já não posso mais ir. É um reflexo de meu rosto. Muitas vezes, nesses dias perdidos, fico a contemplá-lo. Não entendo nada desse rosto. Os dos outros têm um sentido. O meu, não.” p.32

“Começo a me reanimar, a me sentir feliz. Ainda não é nada de extraordinário, é uma pequena felicidade de Náusea: ela se espalha no fundo da poça viscosa, no fundo de nosso tempo – o tempo dos suspensórios cor de malva e dos bancos quebrados -, é feita de instantes amplos e frouxos, que se alastram pelas bordas como uma mancha de azeite. Mal nasceu e já parece velha, tenho a impressão de conhecê-la há vinte anos.” p.37

“O que acaba de ocorrer é que a Náusea desapareceu. Quando a voz se elevou no silêncio, senti meu corpo se enrijecer e a Náusea se dissipou.” p.38

Vejo o futuro. Está ali, pousado na rua, um nadinha mais pálido do que o presente. Que necessidade tem de se realizar? Que vantagem lhe trará isso?… Já me perdi: será que vejo seus gestos ou os prevejo? Já não distingo o presente do futuro e no entanto isso tem uma duração, realiza-se pouco a pouco.” p.47

“É isso o tempo, o tempo inteiramente nu, que vem lentamente à existência, que se faz esperar e, quando chega, nos sentimos enfastiados porque percebemos que já estava ali havia muito tempo.” p.47

“Mas já não vejo nada mais: por mais que vasculhe meu passado, só extraio dele fragmentos de imagens e não sei muito bem o que representam, nem se são recordações ou ficções.” p.49

“(…) construo sonhos a partir de palavras, isso é tudo.” p.49

“Nunca como hoje tive o sentimento tão forte de ser alguém sem dimensões secretas, limitado a meu corpo, aos pensamentos superficiais que sobem dele como bolhas. Construo minhas lembranças com meu presente. Sou repelido para o presente, abandonado nele. Tento em vão ir ter com o passado: não posso fugir de mim mesmo.” p.50

“Alguma coisa começa para terminar: a aventura não se deixa prolongar; só tem sentido através de sua morte. Para essa morte, que será talvez também a minha, sou arrastado inexoravelmente. Cada instante só surge para trazer os que se lhe seguem. Apego-me a cada instante com todo o meu coração: sei que é único; insubstituível – e no entanto não faria um gesto para impedi-lo de se aniquilar.” p.54

“Viver é isso. Mas quando se narra a vida, tudo muda; simplesmente é uma mudança que ninguém nota: a prova é que se fala de histórias verdadeiras. Como se fosse possível haver histórias verdadeiras; os acontecimentos ocorrem num sentido e nós os narramos em sentido inverso.” p.56

“Quis que os momentos de minha vida tivessem uma sequência e uma ordem como os de uma vida que recordamos. O mesmo, ou quase, que tentar capturar o tempo.” p.57

“O domingo que termina deixou-lhes um gosto de cinzas e seu pensamento se volta para a segunda-feira. Mas para mim não existem segunda-feira nem domingo: existem dias que se atropelam desordenadamente e, além disso, lampejos como esse.” p.71

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16out

Publicado originalmente em 1986 — sob o título original You Get So Alone at Times That it Just Makes Sense — neste livro, temos mais de 140 poemas em 307 páginas de angústias existenciais do velho safado.

Lançado em 2018 pela L&PM, Você Fica Tão Sozinho às Vezes que Até Faz Sentido até hoje era inédito no Brasil. Cru, brutal e honesto, poetas desnudam-se. Charles Bukowski traz toda a sua misantropia, suas reflexões sobre o fim; reflexões sobre mulheres, bebidas, jogos, trabalhos e gatos. Um livro capaz de nos fazer rir, chorar, dar esperança e aumentar o desdém pela humanidade.

Como de costume, Separei alguns trechos que mais me chamaram a atenção durante a leitura para compartilhar aqui no blog :)

TRECHOS E FRASES DE
Você Fica Tão Sozinho às Vezes que Até Faz Sentido

“(…) nós saberemos mais do que nunca, há um lugar no coração que nunca será preenchido” (não tem remédio pra isso; p.26)

“ela gosta disso e eu também gosto porque para tornar uma coisa verdadeira tudo que você precisa fazer é acreditar” (centro de L.A.; p.32)

“agora acendendo novos cigarros servido mais bebidas, foi uma belíssima luta, ainda é.” (encurralado; p.42)

“e agora quando estamos prontos para nos autodestruir resta muito pouco para matar. o que torna a tragédia menor e maior bem bem maior.” (escuridão; p.46)

“e não há nada que ponha uma pessoa mais em contato com as realidades do que uma jornada de trabalho de 8 horas.” (cupins da página; p.48)

“(…) ela bateu a porta e se foi. eu olhei a porta fechada e a maçaneta e estranhamente não me senti sozinho.” (fissura; p.69)

“(…) ou eles estão certos e eu errado ou então estou certo e eles todos estão errados ou talvez seja algo no meio disso. a maioria das pessoas no mundo não dá a mínima e com frequência sinto a mesma coisa.” (para os meus amigos da ivy league; p.88)

“para eles eu era o monstro do bar, eles precisavam de mim para que se sentissem melhor. assim como eu, às vezes, precisava daquele cemitério.” (meu truque do desaparecimento; p.98)

“o inferno de cada homem fica num lugar diferente: o meu é logo acima e atrás do meu rosto arruinado.” (vamos fazer um acordo; p.100)

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18set

“As relações humanas simplesmente
não são duráveis.”

O Amor É Um Cão Dos Diabos, de Charles Bukowski, publicado em 1977, sob o título original de Love Is a Dog from Hell, é um dos livros de poesia mais conhecidos do autor. Como a prosa, cada poema de Charles Bukowski corta como aço de navalha. Ele expõe as vísceras da realidade, revolve o cotidiano, e, de onde nem se pensa que sairá um poema, brotam versos de pura genialidade.

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Fiz uma resenha de O Amor É Um Cão Dos Diabos em vídeo para o meu projeto pessoal Livros de Bukowski, veja:

Separei alguns trechos que mais me chamaram a atenção durante a leitura para compartilhar aqui no blog :)

TRECHOS E FRASES DE O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS

“(…) com isso, me levantei, me limpei, dei a descarga e então pensei: é verdade: eu sei como amar.” (eu; p.32)

“As relações humanas simplesmente não são duráveis. Pensei nas mulheres que passaram por minha vida. Elas parecem inexistentes.” (a furadeira; p.38)

“E se você tem capacidade de amar, ame primeiro a si mesmo, mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma derrota total, mesmo que a razão para essa derrota pareça certa ou errada – um gosto precoce da morte não é necessariamente uma coisa má. Fique longe de igrejas e bares e museus, e como a aranha seja paciente – o tempo é a cruz de todos, mais o exílio, a derrota, a traição, todo este esgoto. Fique com a cerveja. A cerveja é o sangue contínuo. Uma amante contínua.” (como ser um grande escritor; p.92)

“Beba mais cerveja. Há tempo. E se não há está tudo certo também.” (como ser um grande escritor; p.93)

“(…) e ninguém encontra o par ideal, mas seguem na procura rastejando para dentro e para fora dos leitos. A carne cobre os ossos e a carne busca muito mais do que mera carne.” (sozinho com todo mundo; p.96)

“Se pudesse posicionar aquele velho canhão contra eles e fazê-lo funcionar, eu o faria. Eles me enojam.” (sinais de trânsito; p.107)

“Não escrevo a partir da sabedoria. Quando o telefone toca eu também gostaria de ouvir palavras que pudessem aliviar um pouco alguma dessas coisas. É por isso que meu nome está na lista.” (462-0614; p.109)

“E você me inventou e eu inventei você e é por isso que nós não damos mais certo.” (camas, banheiros, você e eu…; p.129)

“Sou escritor de vez em quando, eu digo, na maior parte do tempo eu não faço nada.” (como você não está fora da lista; p.149)

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