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Réquiem para um Sonho, de Hubert Selby Jr.
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Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson
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Sombras do Passado (2022) | Andrew Semans
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A Pediatra, de Andrea del Fuego
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Noites Brutais (2022) | Zach Cregger
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Categoria: Filmes ||| por Adriana Cecchi

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27mar

Diana come maquiagem e fica com as bochechas coradas,

enquanto todos olham seu salto 15 e suas olheiras marcadas.

Diana não adormece.

Seu sonhos são sempre arregalados como seus olhos pretos,

enquanto vozes lhe incentivam a pensar em coisas más.

Diana tem sede.

Suas pernas finas estão formigando desde os tornozelos até o final das coxas,

enquanto os homens, sem dó, vigiam de longe o colo de suas pérolas aniquiladas.

Diana não compreende.

Levantar seria o fim, o veludo vermelho chama a atenção.

Diana sofre náuseas.

Moribunda e brilhante,

enquanto os garçons de asas pretas servem copos de prata com líquidos ensandecidos.

Diana fica calada.

Um grito rouco assusta os velhos que estão na mesa ao lado.

Diana procura pelo som.

Um ranger de dentes brancos define o caos de uma vida perturbada.

Diana agora dorme profunda e, definitivamente,

empoçada.

Adriana Cecchi

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18mar

Em negrito, referências a The Doors

Você quer falar sobre cotidiano? Eu sou a melhor pessoa pra falar sobre isso. Não que eu leve uma vida muito regrada, talvez sim, não sei. Devo assumir que gosto de ter certos horários e certas rotinas, mas não me parece grave, parece? Sobre o que eu estava falando mesmo? Ah, sim, cotidiano. As pessoas costumam dizer que me perco nos meus próprios assuntos, nunca tenho uma linha de raciocínio, me chamam de estranho, eu os chamo de lerdos. Uma ova. Todos são estranhos, pessoas são estranhas. Voltando ao cotidiano, todo dia tomo meu café 7 horas da manhã, pontualmente às 7h00, acordo exatos 45 minutos antes disso, se você não for bom com contas, me levanto todos os dias às 6h15. Parece cedo para alguns e tarde para outros, o tempo é relativo para cada um, né? Mas o meu café é sempre preto, preto bem preto. Gosto das minhas roupas igual gosto do meu café: preto. Mamãe quando viva – deus a tenha – dizia que eu parecia um corvo gigante por só usar preto, eu ria, afinal, adoro corvos. Corvos, aliás, são mais inteligentes do que macacos e golfinhos, esses bichos me fascinam, eles podem imitar a voz humana! Ainda sobre o meu café, gosto dele quente, quente pelando porque é assim que tem que ser. Quente pelando é o banho que tomo também antes do meu café preto bem preto. Eu nunca amei alguém, não tanto quanto amei àquela moça linda que se foi há muito, todo o seu amor se foi. Não costumo ler notícias pela manhã e em nenhum outro momento do dia, acho que a minha cabeça não aguentaria, sabe? São muitas informações para processar ao mesmo tempo, cores para enxergar, vozes para ouvir e sentimentos para lamentar. Ler jornal enquanto toma café com os pés pra cima e cigarro na boca é coisa de filme, ninguém mais tem tempo pra isso, além do que, as notícias se repetem, dia após dia e quem se importa? As coisas se repetem, tanto faz, bem-vindo ao cotidiano. Saio de casa depois do café, não me despeço de ninguém – a não ser que eu comece a falar com as paredes novamente. Dou passos apertados, sempre está chovendo, destruo guarda-chuvas, molho os sapatos, as meias, eu odeio ficar com os pés molhados. Atravesso para o outro lado. Entro em elevadores e tenho pânico de elevadores. Dizem que o nome disso é claustrofobia, as pessoas se sentem bem quando conseguem dar nomes às coisas. Nomeiam a vida, o amor, a dor, o desejo de matar e de morrer. Dá pra entender uma coisa dessas? Com o que temos que lidar todo santo dia, eu disse, todo-santo-dia. Querem ter explicação pra tudo, “remédios e palavras para qualquer situação, compre aqui”, pro inferno todos! Isso sim é insanidade, não o que àquela psiquiatra de lábios carnudos e vermelhos me disse que era. Insanidade. Insano. Insanas. Tenho a teoria de que quando repetimos várias vezes a mesma palavra ela perde o sentido. Insanidade. Cotidiano. Dias estranhos nos encontram. Meu café é quente e preto, chove todo dia, o relógio grita, as notícias são as mesmas. O fim. Você perdeu. Você está perdido, garoto. Engraçado eu ter consigo pensar nisso tudo nos últimos dois segundos. Desde que eu pulei daquele prédio, não vejo mais nada.

Adriana Cecchi

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16mar

Simbolismos obscuros, reflexões metafisicas, terror psicológico, suspense e ações alucinadas baseadas em obsessões de personagens. Encontramos isso nas obras do autor Edgar Allan Poe (♥) e encontramos isso também na série da Fox “Contos de Edgar“, lançada em 2013.

A grosso modo, a série conta com adaptações dos contos de Edgar Allan Poe em São Paulo. E, novidade, tem no Netflix!

O personagem Edgar da série, é um cara meio “ferrado” na vida (assim como o original também era), mora no subúrbio e trabalha numa empresa de dedetização chamada DDT Nunca Mais. Durante os serviços, juntamente com seu parceiro Fortunato, Edgar entra nas casas e presencia algumas coisas/sinais estranhos e fantasia as histórias de cada capítulo. Esse é o gancho.

Ao contrários dos contos de Edgar Allan Poe que são sempre narrados em primeira pessoa, na série a narração é feita pelo próprio Edgar e toda a sua visão/fantasia, achei extremamente interessante e deu um bom ritmo, fazendo conexão entre todos os cinco episódios.

Algumas sutilezas deixam os fãs do autor ainda mais contentes: a empresa de dedetização tem um nome bem peculiar “Nunca Mais”, alusão a “Nevermore” dito várias vezes no poema “O Corvo” – uma das maiores obras-primas de Poe; já que a série se passa em São Paulo não temos corvos, temos tradicionais pombos cinzentos; Fortunato, amigo de Edgar, é nome de um personagem de Poe no conto “O Barril de Amontilhado” e por aí vai. Pra mim que tenho uma gata chamada Annabel Lee (do poema Annabel Lee) é uma grande alegria.

Ainda não conhece a obra de Poe? Ta aí uma boa oportunidade para começar e entrar no clima!

Episódios
1. Berê (inspirado em Berenice)
2. Priscila (inspirado em Metzengerstein)
3. Íris (inspirado em O coração denunciador)
4. Cecília (inspirado em A Máscara da Morte Rubra)
5. Lenora (inspirado em O Gato Preto e O Barril de Amontillado)

Série: Contos do Edgar
Direção: Pedro Morelli
Produção: Fernando Meirelles
O2 Filmes e FOX Brasil
Duração: 5 episódios, 25 minutos cada
Sinopse: Edgar é um homem de 39 anos. Sua vida mudou para pior após o bar em que trabalhava ser fechado pela prefeitura e sua esposa Lenora desaparecer. Um dos seus amigos de infância, Fortunato, dono da dedetizadora “DDT Nunca Mais” aparece para ajudá-lo, dando-lhe um trabalho e deixando que durma no escritório. A relação entre os dois é cheia de conflitos. Edgar tem certeza que Fortunato está envolvido no desaparecimento de sua esposa e planeja se vigar. Por isso aceita a ajuda do “amigo”. Fortunato, por outro lado, não tem ideia dos planos sinistros de Edgar, que são revelados apenas a um pombo cinzento, em referência à mais aclamada obra de Poe, O Corvo (The Raven) e que simboliza, para Edgar, a morte da sua esposa. Via.

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