— Eu preciso me livrar de você.
— Mas você nunca me teve.
— Por isso mesmo.
— Isso o quê?
— É autoexplicativo.
— Você é complicada.
— Eu?
— Tá, e vai fazer o quê?
— Pensei em desovar seu corpo num lugar aqui perto.
— Legal, agora tô tranquilo.
— Pode ficar.
— Não quero que se livre de mim.
— Mas também não quer o contrário.
— Isso é verdade…
— Eu entendo. Eu sei como é.
— Eu sei que você sabe.
— Afinal, você, de algum jeito, consegue saber tudo sobre mim.
— Isso eu ainda não sei como.
— E depois vem dizer que eu sou a complicada.
— Eu sou complicado.
— Sim.
— Vai lá preparar um café pra gente, vai.
— Eu vou, mas no seu não vai ter açúcar.
Adriana Cecchi