Um nome forte, uma capa forte e uma história forte. Ao receber este livro do próprio autor, Guilherme Oak, confesso que julguei o livro pela capa, julguei bem e julguei certo. Posso dizer que é um dos livros mais pesados que já li e é excelente.
De antemão, não é um livro que pode agradar todos os gostos, ele não é “fácil”, apesar de ser uma ficção, tem uma temática real, bastante polêmica e difícil de lidar.
AQUELE DIA EM QUE DEUS ESTAVA OCUPADO DEMAIS é história de três crianças, um padre, uma tarde de julho e todas as consequências provenientes dessa tarde. É também uma reflexão sobre a suposta onipresença divina e suas inúmeras injustiças através do tempo. (SITE)
Narrado em terceira pessoa, o livro tem 15 capítulos e cada um intercala os pontos de vista entre presente e passado da trama – início da década de 1990 e 2012. Ambientado em São Paulo, para quem mora ou conhece a cidade é um prato cheio de detalhes através de nomes de ruas, bairros, igrejas, etc.
Pedro, Lucas e sua irmã, Natália, são crianças comuns da classe média paulistana. Estudam em colégio particular e são filhos de mães católicas. Desenvolvem certo tipo de amizade incomum à idade e às peculiaridades de cada um. Vivem intensamente as maravilhas inocentes do ano de 1993 e encontram o pesadelo de uma vida no ano de 1994. Acometidos pelo desejo nojento e impuro de alguém que deveria ser puro, são vítimas de abuso sexual dentro da Paróquia Nossa Senhora do Ó. Os anos passam e, em 2012, Pedro e Lucas se reencontram acidentalmente. Lembranças e sentimentos são revolvidos durante o inesperado encontro, fazendo-os enfrentar o passado e repensar o futuro.
Em suas 152 páginas, Aquele Dia Em Que Deus Estava Ocupado Demais aborda assuntos polêmicos: estupro e pedofilia, envolvendo religião, pecado, sexualidade, inocência, amizade e vingança.
Impunidade e silêncio são as únicas certezas para Pedro, Lucas e Natália que foram abusados sexualmente por um padre, ele – justo ele – que dentro da história (e conceitos gerais) deveria cuidar e “ensinar o bem” a estas e outras crianças durante as aulas de catequese. A relação de poder e medo, a frieza da violação e a consequência densa na vida dos três jovens que sofreram tamanho e inescrupuloso abuso.
Por vezes, senti asco, um asco sem fim. A angústia é evidente, devido à situação extremamente desconfortável, um nó na garganta como se eu mesma estivesse presenciando toda a história.
Eu gostei muito da escrita de Guilherme Oak, me identifiquei tanto pelo que gosto de ler, quanto pelo jeito que gosto de escrever. É crua, direta, rápida e com uma tendência reflexiva em meio a conflitos existenciais. Impotência e injustiça sendo abordadas de uma forma primorosa e sem clichês. Páginas que retratam quão cruel a vida pode ser, a dura realidade, o fim. O último parágrafo me deixou paralisada por um bom tempo.
Recomendo a leitura pela escrita e qualidade de um autor nacional e pelo choque do tema que nos tira completamente da zona de conforto. Espero ler muitos outros livros de Guilherme Oak ainda.
Sobre o autor:
GUILHERME OAK nasceu em 1986 na cidade de São Paulo. Publicitário não-atuante, começou a escrever aos doze anos por conta de um concurso literário. Não parou de escrever durante toda a adolescência. Escrevia, inclusive, canções baseadas em melodias do Pink Floyd. O tempo passou e veio a vida adulta. No final de 2013, redescobriu o prazer da pré-adolescência e voltou rabiscar velhos cadernos com poesias e textos curtos. Desde então, Guilherme não parou mais. Mais textos do autor.
Título: Aquele dia em Que Deus Estava Ocupado Demais
Autor: Guilherme Oak
Editora: Giostri
Número de páginas: 152
Gênero: Literatura Brasileira / Novela Literária
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SORTEIO!
O Guilherme Oak liberou um exemplar para sorteio aqui no blog, basta seguir as instruções abaixo, quanto mais preencher, mais chances de ganhar. O resultado sai dia 10 de agosto, boa sorte!
Adoro suas resenhas Dri! O título do livro já é bem intrigante, me deixou interessada.
Muito obrigada, Aila :) Que bom que gostou, é um livro interessante mesmo, recomendo muito. Beeeeijos!
Ótima resenha, parece muito bom o livro. Vou participar do sorteio, quero muito ler ele!
Obrigada! É realmente muito bom, ebaaa, bos sorte!
Gostei bastante da resenha, não conhecia a obra e fiquei interessado.
o//
Ôxa, parece massa! Autores nacionais tem 100% do meu apoio sempre. :)
Bjs!
To na vibe de pegar um monte de livro de autores nacionais pra ler, e esse do Guilherme parece ser um prato cheio!
Beijo Drica!
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Sim, Ju! Eu te recomendo fortemente, uma leitura forte e muito boa!
Beijooo
Adorei a resenha, e gostei muito dessa obra literária. Não consigo ler muitas obras nacionais e me interessei bastante por essa e resolvi que vou ler! Adorei o trabalho no blog e que ele cresça cada vez mais! Beijos❤